Transições - Um Porto Que Nunca Dorme.
Num porto – o porto de Maputo – não existem fotografias perfeitas, produzidas segundo o detalhe imaginado, pois o que é num momento já o deixou de ser no seguinte. Não existem cenários fixos, equipamentos parados num mesmo local, navios eternamente em operação, pessoas em pose esperando o “click”.
Existe transformação, metamorfose. Mas não existe finalização. Existe uma entidade orgânica, pulsante e eternamente mutável. Esta mudança ocorre em ciclos sucessivos e levanta uma neblina densa sobre o tempo que passa, alimenta-se das pessoas que carregam o porto nesta transição contínua.
As transformações de infraestrutura dos 16 anos de concessão do porto, materiais e palpáveis, são essenciais nesta dança logística contínua; mas há outras – que não se palpam, que não se traduzem em números, que não terminam – que foram tentativamente captadas em fotografia, que traçam sulcos profundos no processo de mudança e que estendem estas pontes invisíveis sobre o tempo. Elas são Transições.
— Soraia Abdula